Pode não parecer, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia vai influenciar – e muito – na economia brasileira. Combustíveis, alimentos e câmbio, por exemplo, já estão sofrendo os fortes impactos do conflito. Apesar de estar acontecendo há mais de 10 mil quilômetros de distância, a guerra está trazendo consequências severas para a nossa economia, que já não estava indo bem antes do conflito. Toda essa instabilidade afeta diretamente os mercados globais, e consequentemente a nossa inflação e taxa de juros, comprometendo o nosso crescimento econômico.
Segundo pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo, o clima econômico no mundo inteiro está instável por conta da guerra. Como o Brasil está completamente exposto aos fluxos financeiros internacionais, o país acaba sofrendo muito com as variações do dólar, com os preços do petróleo, do gás natural e do álcool, e com as exportações de commodities para outros países que também sofrem dos mesmos impactos. Além dos combustíveis, o preço dos alimentos também será afetado. Ambos os países são alguns dos maiores produtores de trigo do mundo, sendo a Rússia o primeiro e a Ucrânia o quarto. E claro, como o petróleo e o diesel estão mais caros, o frete fica prejudicado, contribuindo ainda mais com o encarecimento dos alimentos.
Apesar da baixa, o dólar se encontra em uma fase volátil por causa da guerra. Desde janeiro a moeda norte-americana vem se desvalorizando, acumulando uma queda de quase 10%. Contudo, o conflito entre as duas nações provavelmente irá durar um bom tempo, e isso pode fazer com que o dólar volte a subir, causando uma maior instabilidade na nossa inflação. Por consequência, possivelmente o Banco Central se sentirá na necessidade de aumentar a taxa Selic, e assim o crescimento da nossa economia fica ainda mais prejudicado.
Portanto, o crescimento econômico do Brasil terá que ser postergado mais uma vez. Embora estejamos mais preparados para os impactos negativos da turbulência econômica, devido às nossas reservas internacionais e a baixa participação de estrangeiros na dívida pública, ainda teremos uma projeção bastante modesta para a nossa economia. De acordo com os relatórios semanais divulgados pelo Banco Central, a inflação oficial para 2022 está prevista para 5,56% e o PIB irá crescer apenas 0,3%.